A quase verdadeira história da Maria Ortiz e da cidade de Vitória/ES


por Mike Inger Helmke
  Se você olhar bem no centro do universo verá uma galáxia chamada Via Láctea. Facilmente perceberá que um destes milhares de pontinhos de luz brilha mais bonito. Parece ser um sol com alguns planetas, mas se olhar bem de perto, verá que a luz vem de um local no planeta terra, e este local se chama Vitória.
Desde milhares de anos a região de Vitória foi povoada por uma tribo de Índios, os capixabas. Não se sabe muito deles, a não ser que eles falvam com a natureza e entendiam a língua dela. Eles tinham um olfato muito fino, e por isso costumavam tomar banho varias vezes ao dia, sempre andando bem cheirosos. Eles extraíam perfume das flores, e maquilagem de cor vermelha de uma arvore com sementes afrodisíacas que depois deu o seu nome ao país, o "pau-brasil".
A lenda diz que quando Cabral descobriu Brasil, chegou primeiro aqui, e a beleza desta ilha e dos seus habitantes conquistou logo seu coração.

Quando as lindas índias tão cheirosas o imploraram a manter esta descoberta secreta, ele navegou um pouquinho para o norte até a atual cidade de Porto Seguro, e ai ele declarou oficialmente a descoberta do Brasil. Infelizmente um dos seus marujos se apaixonou por uma das índias com nome Jú, e este marinheiro nunca desistiu de procura-la. Quase 40 anos mais tarde num belo dia de Pentecostes ele finalmente voltou e fundou a cidade de Vitória, situada numa ilha que na língua dos índios se chamava Jucutuquara, o que significa algo como “Jú esperando quem rema”.  Assim Vitória é o berço do famoso matriarcado brasileiro, porque a Jú tinha ficado grávida, e enquanto o pai navegava pelo mundo, ela criou a criança sozinha.
Não sabemos se a tataravó da atual presidente Dilma Rousseff, a famosa Maria Ortiz, era descendente da Jú ou não, mas sabemos com certeza que a seguinte historia é mais ou menos verdadeira. A fama das índias cheirosas tinha chegado até a França. Um corsário, o capitão francês com nome Pissenlit, atravessou o oceano em busca destas mulheres e para sacar a cidade.
O porto de Vitória era protegido por um forte, o forte de São João, cujos canhões dominavam o estreito canal que leva até a cidade. Pissenlit entrou na cidade remando um pequeno barco, levando consigo sete barris de vinho francês. Seu plano deu certo. As autoridades logo confiscaram o vinho como contrabando e distribuíram os barris entre eles. O capitão voltou para seu barco. O prefeito chamou todos seus amigos, e assim começou uma grande festa. Então os homens da cidade ficaram todos bêbados enquanto as mulheres ficaram em casa cuidando dos seus filhos. Até hoje rua onde aconteceu a festa se chama Rua Sete. Na madrugada o navio francês passou sem problemas pelo forte e seus canhões, porque os homens estavam todos dormindo. A tripulação francesa entrou na cidade, cheio de esperança de poder pegar as mulheres cheirosas.
Na época as pessoas dormiam na rede, e em vez de um banheiro eles tinham um pinico no quarto. Estes pinicos estavam cheio do xixi de todos, e as vezes até com fezes de crianças. Uma das primeiras tarefas do dia era esvaziar os pinicos. Quando uma das mulheres, a Maria Ortiz, saiu da casa para se livrar do conteúdo do seu pinico, ela viu os franceses desembarcando. Ela começou a gritar “ipi-ranga”, o grito de socorro das índias, que significa algo como “Deus é brasileiro”. Com toda sua força ela bateu o pinico sobre a cabeça do capitão francês, e as outras mulheres seguiram o exemplo. Enquanto os franceses tentaram tirar os pinicos da cabeça, os olhos ardendo do xixi e nariz, boca e os ouvidos cheio do cocô das crianças, as mulheres não pararam de bater neles com suas frigideiras e quebravam suas famosas panelas de barro nas cabeças dos intrusos. Os franceses mal conseguiram voltar ao barco. Velejaram com a maior desilusão para casa. O sonho das mulheres cheirosas tinha virado um pesadelo. Parecia que a fama das índias cheirosas era uma grande mentira, e por isso a França desistiu de colonizar a América do Sul. Deste jeito Maria Ortiz salvou um continente inteiro dos franceses, com um pinico. Até hoje as mulheres de Vitória comemoram esta vitória com um prato de peixe feito em panelas de barro, com nome “moqueca”, que significa algo como “quer apanhar?”.
Esta vida idílica acabou um dia. Os portugueses precisavam de dinheiro. Então convidaram italianos e alemães para trabalhar. O plano deu certo. Cultivando as terras e vendendo café, havia mais impostos para distribuir entre os políticos. Assim, Vitória começou a ficar rica.
Vitoria era a Veneza do Brasil, constituída por muitas ilhas. A maioria delas tinha acesso apenas por barco, e somente algumas estavam conectadas com pontes. Mas, com tanto dinheiro nas mãos dos prefeitos, eles começaram grandes projetos de construção com seus amigos. Os manguezais e os canais tornaram-se avenidas e bairros. Agora se podia andar de carro e caminhão em todo lugar. Até hoje existe uma antiga ponte no meio da cidade, sem água nenhum embaixo dela, a ponte Florentino Alves, em homenagem a pessoa que inventou as obras públicas e a redistribuição dos impostos entre os amigos dos governantes. Como o dinheiro foi usado para fazer "vias" em vez de canais e pontes, começavam chamar tais construções "desvio de dinheiro". Logo todo o pais adotou esta ideia, e hoje o Brasil esta entre os campeões mundiais desta categoria.
Porém a tradição veneziana nunca acabou totalmente. Até hoje existem poucas calçadas boas. A cidade é tão pequena que se pode atravessá-la em poucos minutos a pé, então as pessoas têm que andar de carro da casa para a padaria para mostrar seus automóveis. Somente o último prefeito finalmente mandou construir uma linda orla com uma calçada para se poder caminhar. Dizem que a mulher dele não gostou do cheiro da academia, único lugar onde os políticos podiam esticar suas pernas, quando saiam do carro, e queria caminhar no ar livre. Por isso Vitória é muito diferente de outras cidades com praia urbana: em vez de entregar-se a preguiça, o capixaba anda ou corre de bermudas e tênis na orla para ficar em forma para o próximo dia de trabalho.
Tanta lida gera riqueza. Mas não é fácil mostrar e gastar seu dinheiro numa cidade tão pequena. Felizmente há um bairro chamado “Triangulo das Bermudas” onde ele desaparece. Primeiro você fica numa fila na rua para que todo mundo possa ver que você é um “deles”. Depois você entra um local onde você troca grandes quantidades do seu dinheiro por um pouquinho de comida e bebida. Outra tradição é ir a padaria com carros alemães como BMW e Mercedes-Benz.  A concessionária de BMW se chama “Brücke”, alemão para “ponte”. Então o prefeito mandou construir uma ponte gigantesca em frente a ela. Construído no estilo veneziano sobre um dos últimos pequenos canais, é uma homenagem á tradição de ir de carro a padaria.
Atravessando esta ponte vê-se no final da avenida um lindo convento, construído acima de uma rocha alta, o “Convento da Penha”. Ele é separado da cidade por um canal profundíssimo, deste jeito os monges não caiam na tentação das capixabas cheirosas.  Os monges sempre deslizavam na descida, sujando as pernas, por isso os habitantes do outro lado do canal ainda hoje se chamam de “canelas verdes”.
Uma segunda invasão de estrangeiros foi evitada com meios típicos. A enorme quantidade de dinheiro que o governo federal tinha liberado para a construção de um aeroporto internacional foi simplesmente levada ao “Triangulo dos Bermudas”. Isso impediu a chegada de intrusos estrangeiros, porque sem aeroporto internacional eles não podem vir de avião dos seus países.
Tudo isso, a linda natureza, as mulheres cheirosas, a moqueca, a praia, um povo simpático e trabalhador e um clima muito agradável gera um qualidade de vida incomparável. O capixaba não precisa viajar para escapar da cidade, como os habitantes de São Paulo ou Rio de Janeiro. Prefere ir à praia, fazer um churrasco e relaxar quando precisa. Por isso ele vive com muito menos estresse. Índios, portugueses, africanos, italianos, alemães e outros, se juntaram aqui para criar uma cidade linda e um estado que chama a atenção por seu encanto.





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